sexta-feira, 21 de junho de 2019

Uyuni

Por Lincoln:
Chegamos em Uyuni no meio-dia, foi uma viagem rápida. Cidade cheia e movimentada. De início já fui percebendo o domínio dos 4x4 manga larga, muitos com snorkel, alguns com pneus 50% off-road, outros com bagageiros e galão de combustível extra. Eu já tinha entendido que o snorkel era para as épocas de degelo quando aqueles leitos secos ficam cheio d`água e não há muitas pontes nos povoados mais simples.
Fomos direto conhecer uma opção de hostel. Em seguida fomos na praça central caminhar e almoçar. Depois seguimos confirmar em terreno as informações que tínhamos levantado em pesquisa como preço de combustível, horário das excursões pro salar, etc. Também fomos ao mercado comprar frutas, pão e folha de coca. Fizemos câmbio e fui numa loja de ferragens comprar um galão de 20 litros pra combustível, pra me sentir mais incluído entre os locais...rs.
Tínhamos uma idéia (dica de relatos de internet) de ir até uma cidade 20 km adiante, chamada Colchani. Seria para adiantar a entrada no salar. Mas descartamos esse plano quando descobrimos o preço. Fui abastecer o carro e meu galão de 20 litros com aquele preço pra estrangeiro. Então fomos para o hostel passar a noite. Fizemos janta e ficamos lendo um guia de viagens na Bolívia brasileiro que estava no acervo desse hostel.

Purmamarca

Chegar em Purmamarca foi uma experiência interessante apesar de aspectos negativos como cansaço e insegurança das horas seguintes. Estávamos dirigindo já fazia cerca de 11 horas e pensávamos em parar em San Salvador de Jujuy pois já estava escurecendo. Houve uma confusão se estávamos chegando na Jujuy certa pois também há uma cidade chamada San Pedro de Jujuy por ali perto. Na medida que entrávamos na zona urbana de Jujuy, uma pequena decepção nos tomava pois revelava-se uma cidade maior do que esperávamos. A estrada foi seguindo pra Purmamarca, as entradas de Jujuy foram passando, a gente foi observando os prédios, canteiros de obra (depois descobrimos que não eram obras) a estrada a frente apontava rumo as montanhas, as dúvidas foram nos deixando em silêncio, meu ímpeto de não parar foi dominando a situação e quando vimos, Jujuy havia ficado pra trás. Dali a diante havia uns 30 kilometros de estrada com mais uns 1100 metros de altura, totalizando 2300 m. Seguimos em silêncio entretidos com a apreensão mas agora principalmente com as transformações geológicas e de (des)cobertura vegetal que estavam acontecendo rapidamente diante de nós. O crepúsculo de um sol que já estava atrás da montanhas dificultou ver bem aquela transformação mas acrescentava mais suspense. E assim foi, em poucos minutos estávamos na nossa primeira paisagem típica andina!
Chegamos em Purmamarca e novamente fomos direto procurar um pouso. A primeira impressão da cidadezinha foi positiva: era oque procurávamos! Pequena, cara andina, janelas com luz quente, janelas coloridas, pessoas passeando, etc. Começamos tentando uma indicação de camping. Interrompemos a busca por 5 minutos para apreciar a lua cheia naescendo de trás das montanhas. Fomos percebendo que havia um outro elemento familiar e ameaçador: o frio! Assim rapidamente fomos tomando conta que acampar talvez não fosse uma boa pra aquela hora. Já eram umas 19 horas. Começamos a tentar hostels e hospedagens... quentinhos...rsrs. Depois de uma meia hora acabamos num lugar aconchegante, perto do centro e quase o mesmo preço de um camping. Era um quarto independente na casa de um cara receptivo e meio malucão, tipo "pague agora, fiquem a vontade, peçam oque precisarem e façam como achar melhor". Fizemos uma janta no quarto, banho e cama. Estávamos exaustos.
Dia 5
Acordamos no dia seguinte já bem revigorados. Estava um belo sol mas.... uns cinco graus de frio. Fizemos nosso café no quarto mesmo e começamos a planejar e agir os próximos passos. Decidimos que iríamos aproveitar a cidade e descansar um pouco de estrada.
Então corri pra fora e voilà: saquei as bicicletas do compartimento de cargas!....rs
Fizemos ainda uma mudança de quarto (oque estávamos já tinha reserva pra aquele dia) e fomos passear. Já estava uma temperatura amena, uns 18 C e fomos mexer um pouco as pernas, explorar aquele simpático povoado andino.
Estava muito bonito, ruas cheias, praça com feira de artesanato, aromas de comidas já no ar, aquele assédio ostensivo aos turistas....poeira subindo, literalmente.
No almoço aproveitamos para avançar nossos conhecimentos da culinária argentina/andina e fazer experimentos disso. Depois voltamos pra casa pra nos prepararmos pra um rolê mais longo de bikes.
Perguntas por dicas ao malucão da hospedagem, pesquisas na internet e aplicativo de trilhas e definimos um plano. Fizemos um passeio chamado Passeo de Los Colorados. Muito bonito. E melhor de tudo: achei umas trilhas "maldozas" pra "descer o sarrafo" na suspensão da bike ;) Depois tentamos outro morro que dá uma vista da cidade mas descobrimos que não seria uma boa pras bikes. Seguimos pra outras tentativas mas não renderam muito. A não ser novas descidas na trilha que já tinha conhecido na primeira volta pelo Colorados. Começou a cair a tarde, bater um vento gelado.... fomos pra "casa" reforçar no agasalho. A Ju já tava se animando a tomar um banho quente e eu querendo "atacar" um outro rolê em busca das "maldozas"....rsrs. A Ju companheira contrariou o cansaço dela e foi junto. Subimos um monte e não rendeu muita coisa além de muita descida gelada na volta.
Tomamos um banho quente e voltamos no centro da cidade pra aproveitar.... nada. Todo aquele agito do dia tinha sumido. Poucas luzes, portas fechadas (ok, tava frio mesmo). Batemos perna e cabeça até acharmos um lugar pra jantar. Foi ok, mas....de dia tava melhor. Nos dias seguintes fomos aprendendo a lidar com os horários de cesta deles e o horário de janta super tarde.
Dia 6
Rotina já: acordar meio cedo pelo menos, fazer café, montar o compartimento de carga e pegar a estrada. Planejamos entrar em Tilcara e explorar uma tal "Garganta Del Diablo". Havíamos aprendido que era uma opção legal ir nessa atração de bikes. Essa pretensão foi logo descartada pois já estava tarde pra quem ainda teria que enfrentar a temida aduana boliviana até Tupiza.
Fomos de carro mesmo. Pra que... a Ju chorou de medo por causa daquelas pirambeiras típicas que vemos nos videozinhos de Whatsapp. Ela queria parar, voltar, descer, alguma coisa, e eu fiquei tentando acalmar ela, explicando que tinha largura suficiente, eu estava com a tração nas 4 rodas ligada....um monte de mentira (rsrsrs, brincadeira, tava susse mesmo). Mas no final das contas eu estacionei o carro numa saida da estrada pra seguirmos a pé. Caminhamos um monte, acho que cerca de 30 minutos morro acima, e os carros passando por nós...
Chegamos lá e de fato era uma erosão gigante (claro que provavelmente de muitos séculos ou mais). Mas como não era época de degelo, quase não se via a água.
Nessa hora chegaram no local 3 jipes Trollers com placa do Brasil e uns adesivos desses de expedição indicando que eles vinham da Bolívia. Como eu já estava um pouco apreensivo com a etapa Bolívia, por causa dos relatos de policiais corruptos e legislação nada amistosa com carros estrangeiros, fui falar com eles. Eles pareceram gostar da minha abordagem, de poder dar dicas a brasileiros da experiência recém vivida por eles. Conversamos cerca de meia hora e minha cabeça só ficava pensando "será que já perguntei tudo que preciso saber? Que detalhe mais tenho que aproveitar pra pegar com esses caras?". Funcionou. No final me sentia mais confiante e "munido" de toda informação para aprimorar nossa estratégia. Ainda mais pelo fato que 80% do que eles falaram confirmava a informação que eu já conhecia.
Então decidimos que não entraríamos na tal "garganta". Vê-la por cima já tava bonito e suficiente. Tínhamos que seguir.
Na volta fui observando a trilha estreita que descia, opção para quem optou em não subir de carro, e pensando na minha bike... Conversei com a Ju que um de nós dois poderia descer de bike e o outro levaria o carro. Claro que chances zero pra eu descer de bike e ela levar o carro por aqueles penhascos...rsrs. Ela se animou descer de bike, até pra "fugir" de tenebrosa descida. Mas avaliamos que levaria uns 30 minutos adicionais pra tirar e depois recolocar a bike no carro. Não tinhamos essa sobra....tínhamos que comer ainda.
Demos ainda um passeio rápido pelo centrinho de Tilcara, pra comprar bugigangas de lembrança e ainda comprar um estoque de empanadas e outras guloseimas pra viagem. E pé na estrada.
Aproveitamos a última oportunidade da Ju dirigir um pouco pois na Bolívia e Chile ela não poderia me ajudar com isso (ver seção Ficha técnica > Fez falta). Passamos por 4.000 metros de altitude mas descemos em seguida.
Tocamos até a cidade fronteiriça La Quiaca, abastecemos, pois fazê-lo na Bolívia seria mais caro que na Argentina, além da qualidade duvidosa do diesel do outro pais, e partimos pra fazer a migração e aduana.
Migração estranha. Ao invés deles carimbarem o passaporte eles entregaram um extrato para documentar nossa saída da Argentina e entrada na Bolívia. Na aduana boliviana partimos para o nosso sagrado Declaración Juramentada! Acompanhamos a confecção dele, pedi uma pequena correção, e enchemos o agente de perguntas sobre isso e oque mais precisaríamos para estar e depois sair da Bolívia com tranquilidade. Por exemplo, pedi para ele pra declarar que eu estava com 2 bicicletas e outros equipamentos. Ele quis ver as bikes e de fato as colocou como pertences na declaração. Os outros equipamentos ele disse que não precisaria declarar. Filmei tudo pra ter registro adicional....hehehehhe. Parecia tudo ok. Entramos então em Villazón.
O aspecto urbano mudou instantaneamente.... Tinha "cara" de Bolívia.
Paramos rapidamente na cidade para fazer câmbio e comprar folhas de coca. Tocamos embora só com o câmbio feito. Logo na saída da cidade parei no pedágio e logo em seguida um soldado do exército (parecia ser isso) me parou e pediu a recém adquirida declaração juramentada do carro e minha habilitação. Verificou e mandou seguir viagem. Tornamos a subir muito. Se não me engano foi quando chegamos a 4.000 metros de altitude pela primeira vez. Sentimos um pouco uma leve dor de cabeça e pensamos se as folhas de coca iriam realmente tirar aquele desconforto. As vastidões foram dando lugar a contornos de morros, serras, rios secos e povoados. Então descemos um monte o fomos chegando na nossa próxima parada: Tupiza, a 2.900 metros de altitude.
Já era fim da tarde, claro, e enquanto dávamos as primeiras voltas pela cidade logo foi escurecendo. Conhecemos as moto-triciclo com cabine que faziam serviço de taxi....muitas delas por todo lado. Conhecemos também o método andino de cruzamento: todo mundo reduz e faz um acordo de quem passa primeiro, com olhares ou balançadas de cabeça. Achamos um bom hostel, tomamos banho e fomos dar uma volta a pé pela cidade, para jantar. Na volta para o hostel já estava uns 8 C.
Dia 7
Amanheceu ensolarado e com montanhas coloridas na nossa porta. Tomamos café e conversamo um pouco com uns alemães que eu achava que eram brasileiros pois os havia visto descarregando a bagagem no hostel, de um carro de placa brasileira. Eles estavam há meses viajando pela américa latina com 2 filhos pequenos e tinham começado por Santa Catarina, onde tinham parentes e compraram o carro. Após a interação, fizemos novas pesquisas nos mapas, internet, aplicativos de trilhas e também fomos andar na cidade, pesquisar nas agencias de turismo. Achamos algumas placas falando de passeios de bicicletas mas dei preferência a uma agência de bom ranking no TripAdvisor. Ao entrar a conversa era de que não era bom ir de bicicletas pois os pneus furavam nos espinhos. Fiquei bem chateado com aquela conversa. Explicávamos que tinhamos nossas próprias bikes e então queríamos sugestões somente já que eles não faziam os tais passeios de bike, como no anúncio.... não rendeu muita coisa além de mapinhas de turismo para civilizados.
Tentamos almoçar comida boliviana mas os restaurantes eram de pizza ou comida mexicana. Fui desbravando também as cervejas nacionais.
Então de tarde eu tirei as bikes do carro e começamos os preparativos pra um rolê. Encontrei 2 caminhos que pareceu que seriam legais para bikes. Escolhi um que dava uma volta num morro atrás da cidade. O penu da minha bike estava um pouco murcho então dei uma pressurizada com a bomba manual mesmo.
Começamos subindo por dentro da cidade e logo entramos num rio seco. No começo estava ok, com os carreiros bem batidos pelos carros, mas logo os carreiros acabaram e o chão de pedras foi ficando fofo demais. Várias vezes tinhamos que empurrar as bikes. Assim foi por cerca de 30 minutos. A Ju não tava curtindo e o caminho deu em nada. Deu numa barragem e dalí tava claro que não daria pra seguir com as bikes. Só curtimos o silêncio local e explorei a pé mesmo um pouco as redondezas. Eu estava curioso se teria água atrás da barragem e peguei uma trilha pra subir até ela. Chegando lá vi que ela estava cheia.....de pedras. Era uma barragem de pedras.
Na volta, mesmo na descida, tinha que empurrar as bikes às vezes, tão inapropriado era aquele chão para as magrelas. Voltamos pra cidade e conversando com a Ju decidimos que ela iria voltar pro hostel e eu ia tentar o outro rolê, pelo menos um pouco, já que não era um "laço". Fui uns 15 minutos na tal direção e quando achei a entrada notei que meu pneu estava bem baixo. Foi tipo reflexo: fiz a volta e acelerei! Mas pouco adiantou, em poucos segundos o aro já tava no chão. Efeito imediato foi descer, começar a empurrar e lamentar a distância que estava da cidade. Depois de caminhar um monte com aquele pneu murcho, vi oque parecia ser uns caras mexendo nos carros (não sei se era uma garagem, uma oficina ou ferro velho) fui até eles e pedi se teriam ar comprimido pra pneus. O cara entendeu, foi dentro de um casebrinho e voltou com uma bomba manual daquelas verticais de segurar com os pés. Enquanto eu bombava ar pro pneu notei eles olhando pra mim e rindo. Me comuniquei com eles e entendi que eles estavam achando meio engraçado (coisa de fresco talvez) uma bicicleta com toda aquela suspensão. Agradeci pela bomba e sai correndo pois sabia que iria muchar logo de novo. Mas dessa vez consegui adiantar uns bons km e cheguei na cidade antes do aro chegar no chão de novo. Na caminhada final fui de olho se achava uma gomeria (como eles chamam borracheria) mas acabei consertando o pneu no hostel mesmo, com o meu material. Triste mesmo foi passar naquela condição na frente daquela agência que recomendava não fazer os passeios de bike pois os pneus furavam nos espinhos das trilhas....
Dia 8
Acordamos cedo e fomos fazer nosso próprio café.... perfumadíssimo, perto do café aguado deles. Enchemos a garrafa com água quente e saímos pouco antes das 8 da manhã pra ir a Uyuni. A informação que havíamos angariado é de que a estrada era boa (recém asfaltada) e linda.
Fomos pegando as ruas que levavam a ponte para pegar a estrada do outro lado do rio. Chegando na rótula que dava acesso a uma das pontes, encontramos carros atravessados no meio da rua. Parei e observei. Notei que haviam carros parados em todas as ruas que chegavam naquela rótula. Senhores que pareciam ser os donos daqueles carros me olhavam impávidos e seguiam com seus bate-papo. Muito bem, fiz a volta e fui em busca de outra ponte. Encontrei um senhor parando o carro atravessado em outra esquina e perguntei pra ele oque estava acontencendo, porque estavam tracando as ruas. Ele me explicou que era um protesto contra a interrupção da obra da estrada, que estava inacabada e a impreiteira havia ido embora, mas que por meio-dia o protesto acabaria e eu poderia seguir!
Bom, parecia que estava começando o tal protesto. Então apurei pra achar a outra ponte. Achei e estava aberta ainda. Era uma ponte de uma única pista. Esperei sairem uns carros que vinham na direção oposta e subi, mesmo desconfiando que poderia ser contramão. Acho que recebi uns olhares de reprovação. Talvez eu estivesse "furando" o protesto deles, sei lá. Importante que eu cheguei na rodovia. Mas esta também já apresentava sinais de estar bloqueada. Fui me direcionando pra pista sentido norte e numa esquina um sujeito me perguntou: "Estão querendo sair da cidade? Está tudo bloqueado. Mas tem uns colegas meus que estão saindo e eles podem te guiar". Sim, oferta estranha.... suspeita demais cair do céu assim. Ele telefonou pro tal colega e comecei a pensar como eu recusaria a oferta dele. Ele desligou o telefone e me disse que os colegas dele estavam na outra quadra em uma pickup vermelha e já saindo. Fui até lá e de fato tinha uma pickup vermelha com uns caras embarcando. Parei atrás, distante, e o cara de longe sinalizou pra mim como dizendo "nos sigam". Como estávamos já na rodovia, com movimento do protesto, não achei ainda irreversivelmente perigoso, então os segui. Eles pararam umas 2 quadras pra frente em uma mercearia, descarregaram uns bujões de gás e entraram. Notei que eles estavam com macacões de uniformes. O motorista veio na minha janela falar comigo: "A estrada está bloqueada, nós vamos sair por dentro da cidade. Estamos indo trabalhar". Os colegas dele sairam da mercearia com mercadorias, entraram na pickup e partimos. Conversei com a Ju e começamos a avaliar que não tava com cara de golpe. Mas mesmo assim fui seguindo eles com distância de 1 quadra mais ou menos. De fato eles entraram numas quebradas de bairros mais pobres, mas que havia sempre muita gente caminhando na rua. Várias tentativas deles começaram a encontrar as ruas já tudo bloqueadas. Eu e a Ju fomos conversando nossas observações de detalhes que não condiziam com alguém tentando armar uma cilada pra turistas. Numa das  meia-volta emparelhamos os carros e ele disse que estava tudo bloqueado já e que teríamos que ir por dentro do rio. Fomos então. O leito do rio estava 90% seco (não era época de degelo). Foi um pouco longo mas bem susse. Depois de alguns km saímos do rio e alcançamos a estrada já além do bloqueio. Aqueles caras aceleraram na minha frente e foram sumindo na estrada. Uns 30 minutos depois encontrei eles no pedágio. O motorista veio falar comigo, comentar o sucesso da missão. Dali eles iriam pra outra estrada pra chegar no trabalho deles. Agradeci, me despedi dele, paguei o pedágio e seguimos viagem.
A estrada era muito nova, parecia muito bem feita, com largas canaletas nas laterais, guardrails, larga....mas com trechos inacabados de fato. Nessa estrada chegamos a 4.300 metros de altitude. Paisagens de tirar o folego mesmo. Depois de algumas horas fomos descendo a 3.600 metros de altitude e chegando numa área plana novamente, já com bastante sinal de sais pelo chão. Estávamos chegando em Uyuni.

Trechos e aventuras

Dia 1
Início tranquilo, com mamãe a bordo, ao longo do interior paranaense. Clima fresco e nublado. Final da tarde já estávamos costeando a nossa esquerda a formosa floresta do Parque Nacional do Iguaçú. Chegamos em Foz do Iguaçú cerca de 17 horas e fomos direto tentar um camping. Achamos um lugar bom, porém como o chão estava bem úmido acabamos não nos sentido atraído e decidimos correr pro lado argentino. Lá nos informamos no @i (informações turísticas) sobre acomodações e já fizemo um câmbio com o atendente. Achamos umas cabañas simpáticas próximo do centro de Puerto Iguazú, nos instalamos e fomos caminhando até o centro para jantarmos.

2
No dia seguinte fomos para o Parque Nacional do Iguazú. O dia colaborou com boas doses de sol. O parque é muito bonito e organizado (houve 1 confusão na hora do ticket para o trem que levava aos pontos mais longes do parque). O volume de água no rio Iguaçú estáva bem alto.... de encher os olhos!
No fim ainda demos um pulo rápido na tríplice fronteiro, lado argentino, perdemos o pôr do sol por pouco mas deu pra ver o imponente rio Paraná acolhendo o também nada singelo Iguaçú. Corremos para o lado brasileiro para providenciar o retorno na minha mãe. Compramos a passagem na rodoviária e ligamos o cronômetro pra ir jantar. Rolou uma tensão pois o tempo estava correndo, estávamos famintos e não conhecíamos nada. No fim acabou bem: achamos um ótimo restaurante que atendeu muito bem nossos quesitos de fome, paladar e tempo. Já mais calmos, assegurei o embarque de mamãe rumo de volta a Curitiba.

21:00 horas, nós no Brasil sem lugar pra ficar ainda e já meio cansados do dia. Corremos pra fronteira atravessar deinitivamente para a Argentina....só que não. O agente fronteiriço argentino pirou que tínhamos que fazer saída do Brasil antes de entrar no país dele! Vsf (se você não sabe essa sigla, por favor, não me pergunte). Atravessamos a ponte Tancredo Neves de novo e nos dirigimos ao escritório da PF para testemunhar a rixa juvenil entre os agentes fronteiriços de ambos países. Foi um embate entre hilário e deprimente com elementos de xigamento, desconhecimento do que fazer, "jogadas" de grupo de Whatsapp deles, rancor de embates anteriores e por aí vai....rsrs. Pelo menos fomos premiados com oque acredito ser inédito: carimbo de saída do Brasil em pass